quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Entrevista Especial com Ana Macedo

Oi gente! O post de hoje é especial. Não é uma resenha, nem uma dica, nem uma notícia... é um entrevista. 

Mas a entrevistada dessa vez é mais do que especial: é Ana Macedo, autora de “Lágrima de Fogo” que recentemente lançou seu segundo livro, “A-LII”.

A Ana foi uma fofa e, além de falar sobre seus livros, esclareceu muitas dúvidas nossas sobre as dificuldades de conseguir publicar esses livros. Ela também falou sobre suas inspirações e as novas tendências da literatura. Confira:


DPPAT: É um prazer poder entrevistar você, Ana, uma autora que tem se tornado cada vez mais  reconhecida.
ANA: (Risos) Imagina, o prazer é todo meu.

 
DPPAT: Quando começou seu interesse por leitura? E quando você descobriu que tinha talento para escrever?
ANA: Meu interesse pela leitura vem desde muito pequena. Fui alfabetizada antes do tempo, por minha própria família, que não aguentava mais ter que ler as mesmas histórias para mim infinitas vezes. Antes de aprender a ler e escrever, eu cheguei a decorara algumas histórias, e as recitava enquanto fingia que estava lendo. Coisa de gente maluca mesmo, sabe? (risos)
Depois que eu aprendi a ler, não demorou muito para que isso fosse insuficiente, e para que eu começasse a criar minhas próprias histórias, com giz, nas paredes da casa em que eu morava no interior de São Paulo.
Bom, eu ainda estou tentando descobrir se eu tenho mesmo talento para tanto, mas, o momento em que eu descobri que meu trabalho era publicável, foi quando uma amiga minha começou a divulgar meu trabalho na internet, e uma pequena editora sob demanda me mandou um e-mail perguntando se eu não teria interesse em publicar meu trabalho. Eu, que não sabia que meu trabalho estava sendo divulgado na internet, fiquei completamente perdida, até conversar com essa amiga, meu anjo da guarda, que me explicou o que estava acontecendo. Foi a primeira vez que eu descobri que, talvez, as pessoas poderiam gostar do que eu escrevia, e comecei a procurar por editoras.

DPPAT: Eu, como leitora, quando termino um livro muito bom, sempre fico me perguntando de onde o autor conseguiu tirar a ideia para aquela história surgida do nada.  Da onde surgiu a ideia para escrever as histórias de seus dois livros publicados?
ANA: Eu costumo dizer que escrever foi meu norte, já que meus dois livros publicados foram minha válvula de escape durante as piores fases da minha vida.
Apesar de processos muito diferentes, eles tem essa convergência, uma carga emocional muito forte, e a canalização dos meus problemas para uma coisa útil e preciosa para mim.
Lágrima de Fogo surgiu aos meus 13 anos, mais ou menos, e foi baseado em um sonho que eu tive. Um salão de pedra com janelas enormes, uma grande mesa em T, um dragão ensanguentado entrando por uma das janelas, e essa mesma criatura se transformando em um homem. Na época, eu costumava escrever meus sonhos e dar para uma amiga ler, e dessa, em específico, ela gostou, e sugeriu que eu continuasse a escrevê-lo, e, bom foi assim que a história nasceu.
No caso de A-LII, aos meus 15 anos, depois de um grande trauma, eu comecei a questionar algumas coisas, como perda de identidade, valores e liberdade, ao mesmo tempo que estudávamos ditadura, segunda guerra, ciências sociais e afins, e todo esse aglomerado de ideias precisava fluir por algum lugar.

DPPAT: Você tirou inspiração de algum livro, série ou filme já existente para seus livros?
ANA: Lágrima de Fogo foi escrito muito na inspiração e calor do momento, com ideias fervilhando e esse tipo de coisa, eu tinha uma admiração imensurável por Tolkien e C.S. Lewis, mas não sei se suas histórias chegaram a ser inspirações diretas.
Em A-LII eu já tinha um estudo maior, já entendia um pouco da jornada do herói, de criação e profundidade de personagem, de estrutura de roteiro, e esse tipo de coisa. É inegável que Admirável Mundo Novo, Farenheit e 1984 foram grandes inspirações, e eu me senti no dever de “pagar tributos” a essas grandes obras com pequenas menções e agradecimentos no próprio livro. Mas as maiores influências nessa obra foram, com toda certeza, minhas aulas de história, ciências sociais e filosofia.
Outro ponto que acho curioso, é que ambas as histórias tem, a sua própria forma, influências de “O Labirinto do Fauno”.

DPPAT: Hoje em dia, as distopias futurísticas andam aparecendo muito na mídia. “Divergente”, “Jogos Vorazes” e “Maze Runner”, por exemplo, tem feito muito sucesso tanto nas livrarias quanto nos cinemas. Já que seu novo livro é uma distopia, você acredita que, depois da grande moda que foram os vampiros e lobisomens, as histórias do futuro são a nova tendência?
ANA: Seria mentira dizer que não desengavetei A-LII por acreditar nessa tendência, mas elas não foram o único motivo. Essa tendência vem de fora, mas o Brasil também estava num momento conturbado, que em breve seria seguido de mais uma acalorada discussão política. Eu não sei se acredito muito na “mágica das tendências” mas acredito piamente em momentos, sejam eles do livro ou do mercado, e que eles devem ser aproveitados.

DPPAT: Não são poucas as pessoas que sonham em lançar um livro e sabemos que não é algo fácil de realizar. Além de ter talento e criatividade, o que um jovem autor deve fazer para conseguir lançar seu livro? Foi muito difícil conseguir ter suas duas histórias publicadas?
 ANA: Eu acredito que existe uma coisa primordial em qualquer trabalho, especialmente naqueles que envolvem arte: paixão. Acredito que, para conseguir ingressar nesse meio, você deve querer isso mais do que tudo no mundo. Não é algo que dê para fazer no impulso, sabe?
Outros pontos importantíssimos são paciência e perseverança. Quer dizer, J.K. Rowling recebeu “nãos” de 13 editores e George Martin publicou o Game Of Thrones há mais de 20 anos. Não é uma carreira muito fácil, dificilmente você vai conseguir sobreviver só dela, e as chances dela decolar nos primeiros anos são quase nulas, mas ao meu ver, é uma das mais gratificantes que alguém pode ter na vida.
Até agora eu não tive grandes dificuldades com editoras, mas eu tenho grande ciência de que minha história é a exceção, não a regra.

DPPAT: Depois do lançamento do seu segundo livro, “A-LII”, você tem recebido muitos comentários e
elogios de fãs?
ANA: Eu sempre imaginei que A-LII era um livro para um publico muito específico e exigente, que tinha como intenção delatar e fazer pensar, imaginei que as críticas seriam muito mais ferrenhas do que o de costume, e que os elogios seriam poucos, mas o resultado foi realmente impressionante. Os elogios, os comentários, as críticas foram assustadoramente positivos. Fiquei bastante surpresa e honrada.

DPPAT: Pretende lançar uma continuação para “Lágrima de Fogo”? E para “A-LII”?
ANA: Lágrima de Fogo tem várias histórias num mesmo universo, com as mesmas personagens. São duas trilogias e dois livros soltos, por hora tenho em vista só a publicação da primeira trilogia. O original de A-LII tinha mais de mil páginas, o que fazia sua publicação inviável e absurda. Tive, portanto, que reestruturá-lo e dividi-lo, mas eu gostei muito do final dado para o livro. Ele é simbólico, fechado, e bastante forte, então ainda estou pensando se vou, ou não publicar as “sequências”.

DPPAT: Pretende lançar outra história? Sobre qual tema?
ANA: Tenho várias outras histórias escritas. Sick Lit, Steampunk, aventuras com piratas, sobrenatural com caça de demônios, romance histórico, romance político, histórias sobre viagem no tempo, projetos engavetados em parceria com outros dois autores que envolvem reencarnação, entre muitos outros. Eu só acredito que ainda não seja a hora dessas histórias.

DPPAT: Qual é o seu livro favorito?
ANA: Tenho problemas em escolher um único favorito. Tive dois livros que me deixaram muito de “ressaca literária”, que foram a Trilogia do Mago Negro, da Trudi Canavan, e A Menina que Roubava Livros.

DPPAT: Seu autor favorito?
ANA: Novamente, tenho problemas em escolher. (Risos) Adoro Tolkien, C.S. Lewis, irmãs Brönte, Jane Austen, George Orwell e, nossa, se chegarmos aos nacionais a lista não tem fim. Entre eles estão Barbara Morais, Felipe Castilho, Rafael Montes, Ricardo Ragazzo, Ricardo Valverde, Rafael Montes, Pedro Bandeira, Machado de Assis e por aí vai.

DPPAT: O livro que menos gostou?
ANA: Um livro que eu li no ensino fundamental, talvez pela obrigatoriedade, não sei, mas, se não me engano, ele se chama “Até Mais Verde”.

DPPAT: O autor que menos gosta?
ANA: Não sei se tenho um.

DPPAT: Sua frase favorita de “Lágrima de Fogo”?
ANA: “Fazer parte de uma sociedade tão mundana e desinteressada me perturbava.”

DPPAT: Sua frase favorita de “A-LII”?
ANA: “Não estou disposta a aceitar um destino tão infeliz.

DPPAT: Qual é a principal lição que quer passar para o leitor de seus livros?
ANA: Acho que eu não quero passar uma lição, na verdade.Essa é uma tecla em que eu costumo bater bastante, aliás. (Risos)
Eu não acredito que o papel do escritor é dar a lição, deixar moral, ou educar ninguém. Não acredito que caiba a mim esse papel. Afinal, quem sou eu para tanto? Eu mesma cometo uma infinidade de erros todo o tempo.
Então acredito que meu papel seja o de denunciar e questionar.Fazer com que o leitor faça as perguntas cruciais, e que tire suas próprias conclusões.

DPPAT: Qual conselho você daria para alguém que quer ser um escritor bem sucedido como você?
ANA: Acho que, por enquanto, ainda seria um pouco de pretensão minha dizer que sou bem sucedida. Mas, por tudo o que eu tenho visto e vivenciado eu diria que paixão e paciência são, realmente, elementos cruciais, seguidos muito de perto por estudos, pesquisa e grande esforço.

DPPAT: Em nome de toda a equipe do Das Páginas para a Tela, eu queria te agradecer demais pela entrevista e por ter sido tão gentil. Obrigada, de verdade.
ANA: Imagina, é um grande prazer e honra pra mim.
Agradeço a oportunidade, e agradeço também, é claro, aos leitores que estão acompanhando até aqui. 
Obrigada. :D

E você, conhece o trabalho da Ana Macedo? 

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